top of page

'We Brothers': a jornada íntima de Jones pelos bastidores da criação e execução

We, Brothers film Making Of directed by Renata Jones, Los Angeles, Hollywood

By Renata Jones

Um dos aspectos mais reveladores de 'We Brothers' é que, quando comecei a escrevê-lo, não o imaginei como um filme noir. A estética ainda estava em desenvolvimento, e meu foco estava na relação entre os dois protagonistas, em sua ambiguidade e nas emoções que os ligam.

Eu queria encenar uma confrontação, um choque entre dois irmãos, duas pessoas que se amaram a vida toda, mas cujas personalidades diferem profundamente. Por trás dessas diferenças, no entanto, ambos carregam segredos terríveis. A princípio, cada um acredita que o outro desconhece o que esconde. Mas a verdade,  e a essência do filme, é que eles sabem. Eles sabem, e permanecem em silêncio. E é esse silêncio que torna a história diferente.

De muitas maneiras, é como a própria vida: frequentemente pensamos que aqueles mais próximos de nós são cegos para nossas verdades escondidas. Mas, na maioria das vezes, eles as veem claramente. Escolhem simplesmente não falar, porque também carregam seus próprios segredos.

À medida que continuei escrevendo, percebi que a história pedia preto e branco, sombras e luz, nada menos do que a encarnação visual dos sentimentos: o que emerge e o que permanece escondido. Essas qualidades se revelaram inerentes ao estilo film noir. E devo dizer, abraçar o estilo noir elevou tanto o filme quanto a própria história.

A fotografia faz mais do que capturar imagens; ela conta a história. Pelo jogo entre sombras e luz, vemos o que está errado, o que está oculto e as correntes emocionais que fluem sob a superfície. As imagens mergulham o público na atmosfera, permitindo sentir a tensão, a intimidade e o peso das verdades não ditas.

We, Brothers film Making Of directed by Renata Jones, Los Angeles, Hollywood

A busca por figurinos autênticos de época foi outro desafio. Encontramos várias peças dos anos 40, mas alguns itens precisaram ser adaptados de roupas dos anos 50 e 60 para se encaixar na estética dos anos 40, incluindo os sapatos. A paleta de cores das roupas teve que ser testada no set com a câmera e um filtro preto e branco, já que os tons se comportam de maneira muito diferente em monocromático do que em cores.

Tivemos a sorte de encontrar uma casa perfeitamente preservada dos anos 20. No entanto, muitos elementos modernos, como tomadas elétricas, ar-condicionado e outros itens contemporâneos, precisaram ser cuidadosamente removidos ou adaptados.

Todo o filme foi gravado nesse único local ao longo de apenas três dias, exigindo precisão, rapidez e criatividade em cada etapa.

A equipe trabalhou de maneira excepcional. Para a maioria dos atores, era a primeira vez que eu colaborava com eles, e eles foram incríveis em seus papéis. Já havia trabalhado com Felipe Bandeira e Pietra Cezimbra em outros projetos, mas, neste filme, todo o elenco passou por uma transformação notável através dos figurinos e da maquiagem.

As atrizes Gabby Ballhausen e Pietra Cezimbra precisaram aprender o sotaque inglês transatlântico, que era comumente exigido das atrizes nos anos 50 pelos estúdios; uma mistura de pronúncias britânicas e americanas.

Ao mesmo tempo, os atores foram autorizados a falar de forma mais rústica e natural, refletindo a comunidade ítalo-americana de Chicago. Era um inglês grosseiro, difícil de reconhecer, mas surpreendentemente claro e autêntico, acrescentando profundidade e realismo às performances.

Foi realizada uma extensa pesquisa para compreender Chicago em 1942, no auge da Segunda Guerra Mundial. Embora o filme omita referências históricas explícitas, decidi inserir sutis e indiretas pistas do que acontecia na cidade naquela época.

Chicago estava sendo tomada por enormes cartazes e outdoors em todos os lugares, uma verdadeira poluição visual. Durante o dia, a paisagem urbana era dominada por esses anúncios gigantes, criando uma sensação de caos. À noite, porém, o brilho das luzes dos nightclubs contrastava fortemente com as ruas congestionadas do dia, gerando uma tensão visual que refletia as emoções ocultas e os conflitos entre os personagens. Tudo isso é muito, muito sutil.

Aqui estão várias fotos dos bastidores durante a produção de 'We Brothers', de Jones. Destinadas apenas para uso editorial. Todo o material é exclusivo para fins educativos e não comerciais.

Créditos das Fotos: André Drum.

bottom of page